Nos pesos das medidas, meço o sorriso.
Troco a nota.
Deixo de medir, deixo de pesar.
Apenas sinto a delícia que é acompanhar.
Escrito em 17/03/2008
[Ao som de Bebel Gilberto, Samba e Amor: http://www.youtube.com/watch?v=BFFkc7LjdYQ]
Dona Janis já dizia: "I wanna talk about a little bit of loving." Acaba que isso envolve tudo, desde o sonho esquisito da noite insone até devaneios via Sartre. A cadeira está no canto da sala e o abajur se tornou peça decorativa. Sento por lá para pensar, mas cheguei à conclusão que pensar demais enlouquece. E enlouqueci. Welcome to the jungle! =)
Nos pesos das medidas, meço o sorriso.
Troco a nota.
Deixo de medir, deixo de pesar.
Apenas sinto a delícia que é acompanhar.
Escrito em 17/03/2008
[Ao som de Bebel Gilberto, Samba e Amor: http://www.youtube.com/watch?v=BFFkc7LjdYQ]
Quando ainda se tem o que falar e o que se perguntar, ainda que seja um “como vai você?”, é melhor que os dois escolham um bom café, uma vista em branco e preto, uma chanson discreta. Resta sentar em cadeiras dispostas por testemunhas para que sejam acompanhados pela boa e velha nicotina dos tempos antigos.
Se a nicotina perdurará por muitos anos ou reviverá em apenas mais uma passada de olhos? A quem importa? O importante é desencontrar, reencontrar e ver que, mesmo que tenham parado de fumar, a nicotina ficou no corpo e nem fez mal à saúde, como diziam todos os outros que não eram aqueles dois.
Escrito em 09/04/2008
[Ao som de So What, Miles Davis e John Coltrane. http://www.youtube.com/watch?v=P4TbrgIdm0E]
"Não ofereço perigo algum: sou quieto como folha de outono esquecido entre as páginas de um livro, definido e claro como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomado com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto, mas se tocado por dedos bruscos num segundo me estilhaço em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto - meus gestos e palavras são magrinhos como eu, e tão morenos que, esboçados à sombra, mal se descatam do escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, impressentido, mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha."
Caio Fernando Abreu
Escrito em 11/07/2004