Dona Janis já dizia: "I wanna talk about a little bit of loving." Acaba que isso envolve tudo, desde o sonho esquisito da noite insone até devaneios via Sartre. A cadeira está no canto da sala e o abajur se tornou peça decorativa. Sento por lá para pensar, mas cheguei à conclusão que pensar demais enlouquece. E enlouqueci. Welcome to the jungle! =)
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Ovelha nuvem
sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Ode ao gato
"(...) Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.
Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso , quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento. (...)" Ode ao Gato, de Arthur da Távola.
Absolutamente apaixonada por gatos. De todas as cores, de todos os tamanhos. Dos magricelos aos gorduchos. Se pudesse, adotava TODOS os que vejo caminhando pela rua. Feliz por ser acordada por miados safados que pedem comida logo cedo. Enebriada pela preguiça que me abate só ao ver uma bolinha de pêlo se engraçando no meu edredon. Orgulhosa por notar a exclusividade de carinhos que recebo. Paparicada quando estou doente. Amada em todos os momentos, mesmo quando ausente.
Isso é ter gatos na família. E só não são humanos porque são gatos. E são melhores assim.
[Ao som da narração de Eslovênia x EUA, pelo jogo da Copa do Mundo de Futebol 2010, na Rede Globo... uauuuuuu! Haha]
terça-feira, 15 de junho de 2010
É Gooool
Hoje é dia do Brasil. Na Copa do Mundo. Pelo menos hoje somos a notícia mais importante do dia e meio planeta Terra espera para ver a nossa bolinha correr pelo chão verde.
Hoje é dia em que o Brasil pára. Tudo fecha, menos os olhos. Grupos se aglomeram em volta da televisão. Casas e bares cheios. Ninguém quer perder aquilo que é o momento de glória do brasileiro. Estamos em meio a tríade: futebol, samba e mulher. Dá pra imaginar a festa, gringaiada?
Esse Brasil pára mais pela Copa do que pelo apagão. Um ópio consentido pelo povo. Por mais que você não goste desse ópio, é embriagado. O verde e o amarelo estão em todos os lugares: asfalto, janelas, camisetas, televisão, internet. Não há como fugir.
Já passei muita Copa do Mundo dormindo enquanto era acordada pelos gritos de GOOOLLL na madrugada. Já chorei pela vitória da Argentina. Todo brasileiro, algum dia, ficou feliz pelas nossas cinco taças.
Um brinde ao Brasil, meio sub-celebridade, meio ex-BBB, pelos seus cinco minutos de fama.
Brasil x Coréia do Norte. Chega mais aqui no sofá. Traz uma cerveja que o petisco já está na mesa. Começou!
[Ao som de Brazil is here, por Foals: http://www.youtube.com/watch?v=PUdTcidfLmE]
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Pequenas epifanias
domingo, 6 de junho de 2010
Há tanto tempo que te amo
quinta-feira, 3 de junho de 2010
O Risco Rebelado
"Risco é uma palavra fascinante. Ela define, ao mesmo tempo, o ato de riscar de um lápis sobre um papel, marco de nascimento de qualquer arte, até o ponto de desequilíbrio onde a boa arte deveria existir, no território do desconhecido, do desconfortável e do incerto. Arte e Risco são palavras que andam juntas. Dos termos dos seguros que garantem a obra contra riscos até a ideia de fronteira de linguagem. Fazer Arte é arriscar, desconfortar, deslocar, revalorar a matéria e flertar com o perigo, com a possibilidade da perda (...)." Marcello Dantas, curador da exposição Rebelião em Silêncio, de Rebecca Horn, no CCBB de 21/05/2010 a 18/07/2010.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Na medida dos pesos
Nos pesos das medidas, meço o sorriso.
Troco a nota.
Deixo de medir, deixo de pesar.
Apenas sinto a delícia que é acompanhar.
Escrito em 17/03/2008
[Ao som de Bebel Gilberto, Samba e Amor: http://www.youtube.com/watch?v=BFFkc7LjdYQ]
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Parecem que não querem ser
terça-feira, 18 de maio de 2010
Quando ainda se tem o que falar e o que se perguntar, ainda que seja um “como vai você?”, é melhor que os dois escolham um bom café, uma vista em branco e preto, uma chanson discreta. Resta sentar em cadeiras dispostas por testemunhas para que sejam acompanhados pela boa e velha nicotina dos tempos antigos.
Se a nicotina perdurará por muitos anos ou reviverá em apenas mais uma passada de olhos? A quem importa? O importante é desencontrar, reencontrar e ver que, mesmo que tenham parado de fumar, a nicotina ficou no corpo e nem fez mal à saúde, como diziam todos os outros que não eram aqueles dois.
Escrito em 09/04/2008
[Ao som de So What, Miles Davis e John Coltrane. http://www.youtube.com/watch?v=P4TbrgIdm0E]
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Hoje estou meio.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Girassóis
"Não ofereço perigo algum: sou quieto como folha de outono esquecido entre as páginas de um livro, definido e claro como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomado com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto, mas se tocado por dedos bruscos num segundo me estilhaço em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto - meus gestos e palavras são magrinhos como eu, e tão morenos que, esboçados à sombra, mal se descatam do escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, impressentido, mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha."
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 4 de maio de 2010
O pé pelas mãos
Escrito em 11/07/2004
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Segundas-feiras
quarta-feira, 28 de abril de 2010
I know how rotten you are
Sister Alma: Is it really important not to lie, to speak so that everything rings true? Can one live without lying and quibbling and making excuses? Isn't it better to be lazy and lax and deceitful? Perhaps you even improve by staying as you are. (No response) My words mean nothing to you. People like you can't be reached. I wonder whether your madness isn't the worst kind. You act healthy, act it so well that everyone believes you--everyone except me, because I know how rotten you are.
In Persona.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Woodstock 1969 x Coachella 2010
"Time keeps movin' on,
Friends they turn away.
I keep movin' on
But I never found out why
I keep pushing so hard the dream,
I keep tryin' to make it right
Through another lonely day, whoaa."
Kosmic Blues, cantado por Janis Joplin
Inauguro mais um blog. Mais um depois de dois esquecidos e perdidos por aí. Ou seriam três?
O futuro desse de hoje pode se fartar em um mês ou um século. Definitivamente, eu não me obrigo, não me prometo. Ao menos, ao blog.
O fato é que, depois de alguns anos, fui surpreendida com uma vontade de escrever. Escrever além do cotidiano. Escrever além dos tec-tec jurídicos. Talvez esteja cultivando uma esperança desconfiada que algo novo bate à porta.
Com isso tudo, sento na cadeira de veludo roxo, ao lado da parede gelada, acendo o abajur da vovó com sua luz amarela fraca, pego um charuto - mesmo não fumando - e começo a rodar Kosmic Blues, na voz de Janis, pelo vinil, no mesmo compasso do Cohiba cheiroso em minhas mãos. Deixo o pensamento fluir e acabo adormecendo na esperança de ter sonhos reveladores. Agora sim! Podemos começar.