quinta-feira, 13 de maio de 2010

Girassóis

De repente e não mais que de repente, cismei com o amarelo. E, como não podia deixar de ser, com os girassóis. Bateu uma vontade tremenda de fazer girar uma nuvem de letras ao redor de um girassol só para falar nele e lembrar o quanto é bonito e quanto me hipnotiza.

Espanta é o fato de eu nunca ter sido muito apaixonada por qualquer flor. Tudo bem, eu tenho afeto especial por orquídeas que, por acaso, também podem ser amarelas. E esse afeto pelas orquídeas é quase uma herança familiar. Minha avó amava as tais orquídeas e eu cresci com a minha mãe enfeitando a casa com diversos vasos delas. Entrar em um orquidário é quase um lanche da tarde em família. Mas comer flores não me apetece. Deixo para vocês.

Eu podia dizer aqui que os girassóis são plantas originárias da América do Norte e América Central cultivadas pelos povos indígenas para alimentação ou que Francisco Pizarro encontrou dizersos objetos incas e imagens moldadas em ouro que faziam referência aos girassóis, como figura do Deus do Sol, mas, não.

Prefiro ficar com as crendices de que os girassóis representam fama, sorte e felicidade. É mais poético e, sei lá, beira o esotérico.

Dispenso o mito da fama que os tais girassóis trariam porque eu não quero ser alvo de olhares curiosos. Por mais idissincrático que possa ser, quero um girassol discreto. E sempre quis ser. Posso ser mais um girassol no meio de tantos que, muito menos que me importar, eu agradeço.

A sorte, admito, não é muito minha companheira, mas ela toca a campainha em momentos decisivos.

E a felicidade, não sei o que significa, mas sinto. As coisas simples da vida estão ao meu redor, por mais que não sejam simples para todos. E isso me basta. Acho que isso é a tal felicidade. E se não for para os contrariados filósofos, para mim é. E, repito, isso me basta.

Agora só me resta enfeitar toda uma casa com girassóis, nas janelas, nas mesas e nos cantos. Para continuar com a sorte escassa e chamar a felicidade abundante. Também me resta renovar um guarda-roupa com uma série de blusas, calças, vestidos, sapatos e bolsas amarelos, dos mais variados tons, porque dizem que a cor do vestuário traduz o humor do usuário. Até cansar. E ver que outra cor pode representar qualquer coisa que, para mim, vai ter gosto do que eu quiser, mais uma centena de vezes. Com um quê de misticismo ou esoterismo, sei lá.

E isso me faz lembrar as cores do Ano Novo. E isso me faz lembrar as cores de festas de casamento. E isso me faz lembrar as cores de roupinhas de bebês. E isso me faz lembrar as cores do arco-íris. E isso me faz lembrar do branco. O branco que mistura qualquer cor, mas que, por hoje, não bate a minha fascinação pelo amarelo do girassol.


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