quarta-feira, 30 de março de 2011

Minha Janis

Janis Joplin sempre me fascinou. Essa voz rasgada. Uma vida abandonada. Blues, rock, jazz. Mais mulher impossível. Mais Janis não há.

Já me falaram que era impossível ouvir Janis sem lembrar de mim. Já ganhei um poster dela emoldurado. Ora, conseguiram achar para mim uma coletânea super rara com, eu acho, todas as músicas dela (ao menos, as que eu conheço).

Janis me canta no que há de mais peneirado em mim.

E por essas e outras eu queria ter sido dessa geração: http://www.youtube.com/watch?v=qjul9KAH9pE

Tec-tec pela madrugada


Desconcentrada como só eu posso estar, não consegui produzir absolutamente nada para o trabalho no dia de hoje. Agora pela madrugada sequer consigo dormir. Fechar os olhos ficou nas minhas mais remotas lembranças.
São nessas horas que recorro às letras, às frases e aos livros. Só ouço o tec-tec do digitar corrido no notebook. Tec-tec. Tec-tec.
Infelizmente, dias e noites como essas têm sido mais constantes do que eu gostaria. Tec-tec. Tec-tec. Tec-tec.
Tenho começado a pensar em como eu poderia aproveitar melhor o meu tempo ocioso, já que trabalhar com a cabeça desse jeito é tarefa holllywoodiana. Ok, não posso deixar de trabalhar, mas fiquei me embriagando com a possibilidade de escrever um livro, mesmo sem imaginar por onde começar. Não, não começa pela letra a.
Ah, vai, dizem que todo mundo deveria passar pela vida e, ao menos, plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.
Tenho que ir por partes para não me atropelar. Vejamos:
1) Plantar uma árvore. Eu participei da plantação de um pé de pau-brasil no colégio em que eu estudava no primário quando eu tinha, hum, uns sete anos. Isso conta, né? Bom, o texto é meu. Eu já escrevi algo sobre como eu gosto de escrever e a minha visão sobre como eu acredito ser o texto autoritário. Logo, sim, acho que a minha atividade infantil conta como plantação de árvore. Todos aplaudam minha boa ação. Obrigada.
2) Ter um filho. Essa atividade eu vou adiar por alguns anos até eu ter uma reserva financeira confortável. Pretendo planejar o rebento e casar antes da sua chegada. Eu disse pretendo porque nunca sabemos dos desígnios divinos, né? *medo* Todos riem da minha cara. Ok. Mas, sim, eu quero muito curtir a maternidade responsável. E acredito que serei uma super mãe feliz. Não agora. :D
3) Escrever um livro. É. Chegamos no filé mignon. Eu até quero, mas querer é poder? Não sei por onde começar. Não sei sobre o que escrever. Não sei como escrever. Além disso, vai ser mais um caderno escrito para ninguém ler. Só que vai dar um trabalhão. Não quero ter obrigação de escrever. Escrevo porque quero.
Dito isso, não acredito que eu vá escrever algo com personagens e coisa e tal. Talvez algo em primeira pessoa.
Pense, Rebecca. Pense quando estiver a fim. TENHO que ser útil amanhã e trabalhar, enfim.
Tchau, Brasil.


terça-feira, 29 de março de 2011

Neurótico sou

"Todo escritor dirá então: louco não posso, são não me digno, neurótico sou."

O prazer do texto, Roland Barthes


Sempre escrevi por necessidade. Nunca tive problemas em me expressar socialmente, mas há coisas que, admito, são difíceis para eu raciocinar na agilidade da fala.
O todo-tempo-do-mundo que o papel e a caneta proporcionam é uma sedução. Gosto também da possibilidade de domínio que escrever me dá. Posso ser tão clara quanto confusa, tão objetiva quanto circular. Basta querer. Faço do meu texto gato e sapato. Ele é meu e levo o leitor (que é escasso) para onde eu quiser, sem interrupções. O texto é autoritário.

Fora essa coisa toda, eu escrevo mesmo para mim. É uma forma de pontuar o raciocínio, clarear as idéias e tentar chegar à conclusão. Coisa de gente nerd. Na maioria das vezes, não chego ao fim, à sonhada conclusão, ou felicidade, seja qual nome que as pessoas queiram dar, mas o importante é o caminho percorrido, por mais clichê que isso possa parecer. Mas, sim, raramente, os textos bacanas vão chegar lá no final com o resultado de 1 + 1 = 2, mas vamos ter uma interrogação imensa. Eu fico cheia de interrogações mesmo. Todo dia, toda hora.

Olha... no dia em que eu não tiver mais interrogações pulando na minha cabeça e me atormentando o dia inteiro, podem me dar tchau. A tarefa por aqui vai ter acabado e eu posso partir. Os questionamentos são a essência da vida e eu acredito muito que devemos nos perguntar dia e noite sobre tudo. Aceitar passivamente? Viver no automático? Se a vida for assim, algo está errado, meu amigo. Muito errado. Ou você não está fazendo nada para se melhorar ou você não está olhando ao seu redor. Temos um mundo inteiro de injustiças para ajustar. Temos a nós mesmos para aprimorar.

Comecemos por nós. Nossos textos, escritos ou falados, que sejam, cheios de interrogações vão chegar em algum lugar. A neurose é a paixão de olhar ao redor e não se conformar, olhar para si mesmo, reconhecer os defeitos e não se conformar.

Melhorar sempre. Pelo menos, tentar. Até o último respiro. Neurose, né?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Lógica dos fragmentos no pós-modernismo

"Havia o sentimento de uma libertação na lógica dos fragmentos. Se não faço parte do todo tenho a possibilidade de pensar (embora não de agir) à minha maneira - era o que o que expressava semelhante tipo de adesão. Contudo, à medida que se espalhou pelos quatro cantos e se fez dominante, a multiplicação dos cacos ou pedaços, transformados em modo de organização, terminou como uma espécie de condenação na qual a subjetividade, se sobrevive, deve contar apenas consigo mesma: o caminho de mão única de solidão. Os lerdos, assim, não atrapalham a atividade dos velozes. Em compensação, há sempre um instante de parada na luta contínua por ganhos materiais, quando a consciência assalta e desequilibra a noção de segurança que o sistema instalara. Por sua vez, se um indivíduo só pode contar consigo mesmo, prestar conta apenas de seus sucessos e insucessos, devendo arcar sozinho com o que der e vier, o resultado é um mundo de gente hostil, no qual o cumprimento do dever passa por uma vontade interior expatriada e abandonada às feras."

A construção e a destruição do conhecimento, Ronaldo Lima Lins.

Reescrevendo

Março de 2011. Desde agosto de 2010 não esbarro por essas bandas.
Não que eu não tenha escrito muito. Não que eu tenha lido pouco. Não que eu tenha conseguido parar de pensar nos conflitos da existência e coisa e tal. Está tudo aqui.
O problema é que me distanciei mesmo. Tentei me desfocar. Achei que ficando na superfície dos cento e quarenta caracteres de um twitter eu poderia não me perder nas minhas profundezas. Achei que ficando na superfície da vida eu evitaria qualquer profundidade. Ledo engano.
Quando vi, estava com papel e caneta na mão escrevendo em papéis perdidos que encontrava pelos cantos, nas paredes da casa, em arquivos do computador, no facebook. Precisava escrever para pensar, afogar os pensamentos até eu tirar conclusões (ou não) dos dramas ou alegrias.
Naquela altura o twitter mimizento demais já tinha ido para o espaço. Eu já tinha achado a minha cadeira e o meu abajur particular: um diário no meu computador.
Mas aleatoriamente lembrei do blog. Talvez seja bom mantê-lo como uma forma de juntar pensamentos. Hoje mesmo passeei por aqui e recordei momentos do ano passado. Beira o interesse.

Mesmo que ninguém visite o blog, que eu fale comigo mesma.
Pensar em voz alta, também dá frutos.