terça-feira, 29 de março de 2011

Neurótico sou

"Todo escritor dirá então: louco não posso, são não me digno, neurótico sou."

O prazer do texto, Roland Barthes


Sempre escrevi por necessidade. Nunca tive problemas em me expressar socialmente, mas há coisas que, admito, são difíceis para eu raciocinar na agilidade da fala.
O todo-tempo-do-mundo que o papel e a caneta proporcionam é uma sedução. Gosto também da possibilidade de domínio que escrever me dá. Posso ser tão clara quanto confusa, tão objetiva quanto circular. Basta querer. Faço do meu texto gato e sapato. Ele é meu e levo o leitor (que é escasso) para onde eu quiser, sem interrupções. O texto é autoritário.

Fora essa coisa toda, eu escrevo mesmo para mim. É uma forma de pontuar o raciocínio, clarear as idéias e tentar chegar à conclusão. Coisa de gente nerd. Na maioria das vezes, não chego ao fim, à sonhada conclusão, ou felicidade, seja qual nome que as pessoas queiram dar, mas o importante é o caminho percorrido, por mais clichê que isso possa parecer. Mas, sim, raramente, os textos bacanas vão chegar lá no final com o resultado de 1 + 1 = 2, mas vamos ter uma interrogação imensa. Eu fico cheia de interrogações mesmo. Todo dia, toda hora.

Olha... no dia em que eu não tiver mais interrogações pulando na minha cabeça e me atormentando o dia inteiro, podem me dar tchau. A tarefa por aqui vai ter acabado e eu posso partir. Os questionamentos são a essência da vida e eu acredito muito que devemos nos perguntar dia e noite sobre tudo. Aceitar passivamente? Viver no automático? Se a vida for assim, algo está errado, meu amigo. Muito errado. Ou você não está fazendo nada para se melhorar ou você não está olhando ao seu redor. Temos um mundo inteiro de injustiças para ajustar. Temos a nós mesmos para aprimorar.

Comecemos por nós. Nossos textos, escritos ou falados, que sejam, cheios de interrogações vão chegar em algum lugar. A neurose é a paixão de olhar ao redor e não se conformar, olhar para si mesmo, reconhecer os defeitos e não se conformar.

Melhorar sempre. Pelo menos, tentar. Até o último respiro. Neurose, né?

Nenhum comentário:

Postar um comentário