segunda-feira, 28 de março de 2011

Lógica dos fragmentos no pós-modernismo

"Havia o sentimento de uma libertação na lógica dos fragmentos. Se não faço parte do todo tenho a possibilidade de pensar (embora não de agir) à minha maneira - era o que o que expressava semelhante tipo de adesão. Contudo, à medida que se espalhou pelos quatro cantos e se fez dominante, a multiplicação dos cacos ou pedaços, transformados em modo de organização, terminou como uma espécie de condenação na qual a subjetividade, se sobrevive, deve contar apenas consigo mesma: o caminho de mão única de solidão. Os lerdos, assim, não atrapalham a atividade dos velozes. Em compensação, há sempre um instante de parada na luta contínua por ganhos materiais, quando a consciência assalta e desequilibra a noção de segurança que o sistema instalara. Por sua vez, se um indivíduo só pode contar consigo mesmo, prestar conta apenas de seus sucessos e insucessos, devendo arcar sozinho com o que der e vier, o resultado é um mundo de gente hostil, no qual o cumprimento do dever passa por uma vontade interior expatriada e abandonada às feras."

A construção e a destruição do conhecimento, Ronaldo Lima Lins.

Um comentário:

  1. Um belo trecho. Eu costumo estudar muito essas questões da pós-modernidade, e procuro pensar muito sobre isso. Meus trabalhos acadêmicos sempre envolvem pós-modernidade, sociedade e ficção/literatura.

    Bem legal o trecho mesmo. Valeu pelo link lá no blog.

    ResponderExcluir