quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eternos namorados

Estava navegando no meu facebook quando me deparei com umas tais crônicas digitais. Confesso que não me apaixonei pelo formato, mas conheci o blog da Fernanda Mello e, especialmente, o post com esse link... FERNANDA MELLO.

Os fios brancos chegaram, muito mais pelo estresse do que pela velhice. Do alto desses fios brancos comecei a me afastar desesperadamente das montanhas-russas dos casos complicados do coração [a expressão ficou bem brega, mas é assim mesmo, BREGA]. Meu coração já não aguentaria tantos solavancos. Precisava de paz.

E a vida me foi generosa. Talvez eu tenha dado um empurrão(zinho) e apurado os meus sentidos. Não é que eu soube reconhecer o que me faria bem depois de tantos anos? Encontrei meus olhos verdes, meu cavanhaque ruivo, minha boina preta. Tudo isso perdido numa madrugada cerrada na Lapa em meio a um rock'n roll pesado. Fui lá, toda despretensiosa e encontrei minha paz. Não só naquela noite, mas por uma vida [quero acreditar!]. Aprendi a construir o que eu nunca soube muito bem e ainda me surpreendo com o dia-a-dia e com os aprendizados.

Hoje deixo o exagero com o Cazuza e fico com a serenidade de uma vida não menos apaixonada. O amor está na construção de algo muito maior do que o imediatismo. Ah, meus avós é que eram os grandes sábios! Eles sempre souberam muito mais do que a minha vã consciência poderia alcançar aos dezoito anos, época das avassaladoras e teimosas e dolorosas e qualquer-coisa-esquisita-que-o-valha paixões.

A única coisa que lamento foi não ter percebido tudo isso antes e não ter tido um "papo reto" com os gurus do amor: Frófró e Manolo, os avós mais lindos, os donos do caderno de recados mais apaixonados que eu guardo na minha gaveta escondida. O caderno é minha lembrança mais profunda daqueles que marcam minhas orações noite e dia. Sim, foi a herança mais valiosa que me foi deixada.

Se penso em amor de um casal, não tenho como esquecer daqueles que andavam de mãos dadas aos setenta e poucos anos de idade pelo Parque de Itatiaia como eternos namorados. Eles. Não quaisquer outros. Apenas eles.

Eles chegaram lá porque um dia começaram a escrever o caderno. Coisa mais bonita de se ver. E esse caderno foi guardado por mais de cinquenta anos. Até que os dois se foram. E hoje é guardado por mim com o amor que me foi ensinado por eles. Não quaisquer outros. Apenas eles.

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